quinta-feira, 24 de janeiro de 2013


Arcadismo


Arcadismo – o que é?
O Arcadismo é um movimento literário inspirado numa lendária região da Grécia antiga a Árcadia que segundo as lendas era dominada pelos des pan e habitada por pastores que viviam de modo simples e espontâneo se divertindo com músicas e disputas poéticas que celebravam o amor e o prazer.

No Brasil

Data de inicio
O Arcadismo no Brasil teve início no ano de 1768, com a publicação do livro “Obras” de Cláudio Manuel da Costa.

Características
·         Apego aos valores da terra: a simplicidade na poesia e a ideia de abolir as inutilidades (inutilia truncat) foram os objetivos dos arcades brasileiros. Como a concentração foi em Minas Gerais, nasce um nativismo que incorporou os valores da terra ao ideário da estática bucólica, em alta no arcadismo.

·         Incorporação do elemento indígena: a valorização do índio foi destaque  nesta época, era o reflexo do “bom selvagem”, de Rousseau, onde a natureza faz o homem feliz e bom, mas a sociedade o corrompe.

·         Sátira política:  um exemplo foi Cartas Chilenas, onde é bem clara a sátira política aos tempos difíceis da exploração portuguesa e à corrupção dos governos coloniais.

Momento histórico
Nesse período Portugal explorava suas colônias a fim de conseguir suprir seu déficit econômico. A economia brasileira estava voltada para a era do ouro, da mineração e, portanto, ao estado de Minas Gerais, campo de extração contínua de minérios. No entanto, os minérios começaram a ficar escassos e os impostos cobrados por Portugal aos colonos ficaram exorbitantes.
Surgiu, então, a necessidade do Brasil de buscar uma forma de se desvincular do seu explorador. Logo, os ideais revolucionários começaram a se desenvolver no Brasil, sob influências das Revoluções Industrial e Francesa, ocorridas na Europa, bem como do exemplo da independência das 13 colônias inglesas.
Enquanto na Europa surgia o trabalho assalariado, o Brasil ainda vivia o tempo de escravidão. Há um processo de revoltas no Brasil, contudo, a mais eloquente durante o período árcade é a Inconfidência Mineira, movimento que teve envolvimentos dos escritores árcades, como Tomás Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto e Cláudio Manuel da Costa, além do dentista prático Tiradentes.
Como a tendência é do eixo cultural seguir o econômico, os escritores árcades são, na maioria, mineiros e algumas de suas produções literárias são voltadas ao ambiente das cidades históricas mineiras, principalmente Vila Rica.

Perfil literário
Encontrou expressão num grupo de poetas que vivia em Minas Gerais, mas precisamente em Vila Rica, principal centro econômico do país, no século XVIII. A publicação de OBRAS de Claudio Manuel da Costa em 1768 é o MARCO INICIAL do Arcadismo no Brasil. 
O Arcadismo caracteriza-se pelo começo  da valorização da obra literária que começa a tomar rumos nacionais. O sentimento de apego a terra começa a aflorar tendo com referência a simplicidade da natureza preconizada pela poesia árcade européia. O sentimento nativista preeencherá as obras literárias, o índio passa a ser visto como herói e fonte de inspiração.O arcadismo brasileiro se estende até o ano de 1836 data da publicação de Suspiros poéticos  e saudades de Gonçalves de Magalhães.

Autores e obras
·         JOSÉ INÁCIO DE ALVARENGA PEIXOTO (1743-1792):
Poesia Lírico-Amorosa (musa-pastora Bárbara): "Obras Poéticas",coletânea de poesias reunidas por amigos e publicadas em Paris (1865), sob o patronato de D. Pedro II. Destacam-se os poemas Bárbara Heliodora(lira escrita na prisão) e Estela e Nize (soneto lírico-amoroso). Muito de sua obra perdeu-se quando o Governo confiscou lhe os bens em consequência da Inconfidência Mineira.

·         FREI JOSÉ DE SANTA RITA DURÃO (1722-1784):
Poema Épico: "Caramuru" (Lisboa, 1871), poema que exalta o descobrimento e a conquista da Bahia por Diogo Álvares Correia (Caramuru). Composto à imitação direta de Os Lusíadas, de Camões, sem, entretanto, utilizar-se da mitologia pagã. São dez cantos, escritos em versos decassílabos e oitava rima camoniana. Obedece à divisão tradicional das epopeias: proposição, invocação, dedicatória, narrativa eepílogo.

·         MANUEL INÁCIO DA [SILVA ALVARENGA] (1749-1814):
Poema Heroico-Cômico: "O Desertor das Letras" (1774), publicado em Coimbra, sob o patrocínio do Marques de Pombal. O poema enaltece as reformas universitárias pombalinas.
Poesia Lírico-Amorosa (musa-pastora Glaura): "Glaura", coletânea de poemas madrigalescos, sua obra mais conhecida. Publicada em Lisboa no ano de 1779 e dedicado a sua musa-pastora.

·         JOSÉ [BASÍLIO DA GAMA] (1741-1795):
Poema Épico: "O Uraguai" (1769); a obra mais importante de Basílio, narra a luta dos índios de Sete Povos da Missão (no Uruguai) instigados pelos jesuítas, contra as tropas portuguesas auxiliadas pelos espanhóis. O trecho mais conhecido é o que descreve a morte de Lindoia, a índia que se deixa picar por uma serpente, como prova de fidelidade e amor ao índio Cacambo, assassinado pelos inimigos.
No aspecto formal, Basílio quebra a estrutura camoniana compondo a obra em versos decassílabos brancos, sem rima, não é dividido em estrofes e consta de apenas cinco cantos. Mas apresenta à divisão tradicional das epopeias: proposição, invocação, dedicatória, narrativa e epílogo, embora inicie o poema pela narração.

·         CLÁUDIO MANUEL DA COSTA (1729-1789):
Poema Épico: "Vila Rica" (1837), o poema narra, desde a fundação, a história de Vila Rica, atual Ouro Preto e exalta os bandeirantes.
Poesia (musa-pastora Nise): "Obras Poéticas" (1768), considerada como a primeira obra árcade brasileira. Compõem-se de sonetos perfeitos na forma e na linguagem, porém, sem profundidade em relação ao conteúdo.

·         TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA (1744-1810):
Poemas Satíricos: "Cartas Chilenas", obra composta em versos decassílabos brancos com a estrutura de uma carta, que circularam em Vila-Rica (Ouro Preto) pouco antes da Inconfidência Mineira (1789). Satiriza, ferozmente, os desmandos e a arbitrariedade do Governador de Minas Gerais até pouco antes da Inconfidência.
Poesia Lírico-Amorosa: "Marília de Dirceu", publicada em três partes nos anos de 1792, 1799 e 1812. Coletânea de liras inspiradas em seu romance com Maria Dorotéia (Marília). Apresenta-se dividida em duas partes: a primeira escrita quando ainda em liberdade, e a segunda durante os sofrimentos do cárcere.

Em Portugal

Data de inicio
Em Portugal o Arcadismo iniciou-se no ano de 1756

Momento histórico
O clima de revolução também atingiu Portugal fortemente, que no começo do século XVIII, passava por sua reestruturação. Em Portugal o Arcadismo iniciou-se no ano de 1756 com a fundação da Árcadia Lusitana, entidade em que se reuniam intelectuais e artistas. A Árcadia Lusitana tinha como lema o "inutilia truncat" (corta o que é inútil) o que caracterizou todo o movimento no país retornando a uma literatura mais simples.

Características
·                   Volta aos padrões clássicos
·                   Visão simples do mundo
·                   Presença da Natureza
·                   Vida bucólica
·                   Perfeição formal
·                   Predomínio da razão (objetivismo)
·                   Universalismo
·         Tranquilidade no relacionamento amoroso

Perfil literário
Também conhecido como Neoclassicismo ou Setecentismo, o Arcadismo é resultado de um conjunto de transformações ocorridas na Europa no século XVIII: ascensão da burguesia e decadência da aristocracia, ruptura com o mundo medieval e surgimento do Iluminismo.
Na tentativa de equiparar-se às grandes nações europeias e satisfazer aos interesses da burguesia, Portugal inicia diversas reformas econômicas, políticas, culturais e educacionais.
Em 1756, com a fundação da Arcádia Lusitana, inicia-se uma nova etapa da literatura.

Autores e obras
·         Bocage (Manuel Maria Barbosa du Bocage). Usava o pseudônimo Elmano Sadino: Idílios Marítimos, Rimas (três volumes, 1791) e Parnaso Bocagiano. - Escreveu poesia lírica e satírica. Com o passar dos anos, afasta-se da estética árcade –racional e pouco dramática – e envereda por uma linha confessional e dramática que o situa como pré- romântico.
·                   Filinto Elísio - Versos (1797).
·         Correia Garção - Obras Poéticas (1778); Teatro: Teatro Novo, Assembleia ou Partida.





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