quinta-feira, 24 de janeiro de 2013


Alienação


Sendo comum
Fala-se muito no senso comum sobre a alienação. Sobre como a TV, certas revistas e jornais, as igrejas, os Estados controlados por regimes autoritários e, segundo alguns, mesmo o futebol e o Carnaval alienam as pessoas, roubando-lhes o senso crítico e a consciência sociopolítica. Mas muitas pessoas não entendem integralmente que conceito de alienação é esse, que virtualmente se diferencia da definição sociológica clássica de transferir para o controle de outrem algo que era ou deveria ser seu
Ao negar a ação sociopolítica cidadã, o indivíduo nega sua responsabilidade pela integridade do coletivo e joga-a inteiramente nos “outros”. E muitos desses outros fazem a mesma coisa. E no final, quem decide os rumos da sociedade em tempos não eleitorais são uns poucos cidadãos engajados, os parlamentares, os governantes e, como dito, os grandes empresários, os donos da imprensa e algumas igrejas. E isso é transferir para outrem a soberania popular e o poder de tomar decisões. É alienar-se nos dois sentidos.
Da mesma forma, comenta-se pelo senso comum que certas atividades de entretenimento, como, exemplificam, o Carnaval e o futebol, afastam as pessoas de pensar sociopoliticamente, visto que elas se distraem e esquecem todos os problemas locais, regionais e nacionais, preferindo conversar sobre futebol, sobre a folia e sobre outros temas relacionados a essas diversões culturais. Com um povo distraído a ignorar os problemas em nome de um quase-hedonismo, o poder decisório estaria transferido às mãos de poucos.

Religiosa
A religião tem inicio no instinto humano, ou seja, no medo da morte, e por consequência no culto às divindades, com o intuito de manter com elas um relacionamento que os permita alcançar os favores por elas prometidos.
Esse sentimento também atingiu a sociedade moderna, mas com menos rigor e influencia, tendo modificado sistemas e ritos nas leis religiosas atuais. Essa mesma religião que fundara as sociedades antigas e as governou por muito tempo, igualmente moldou a alma humana e emprestou ao homem o seu caráter, isso ficou infundido de tal forma, que em nome dos deuses muitos crimes foram cometidos sob a batida do “cetro” religioso.
A alienação religiosa como tal ocorre na esfera da consciência, da interioridade humana, todavia, tem seus reflexos na vida real, pois foi à religião independente de sua ramificação que formou nosso caráter, nossa sociedade e nossa economia, e até hoje somos alienados pela sociedade também alienada, não forçadamente, mas construídas através do tempo nos mais diversos moldes.
O que mantem as pessoas alienadas a religião é o medo e a dúvida, medo do inferno, medo dos espíritos que vagueiam em nosso espaço, ora agindo a favor, ora perseguindo e perturbando o núcleo social. Medo também de Deus, por entender ser Ele o ser supremo e detentor do controle da vida e de tudo que existe. Os templos, sinagogas e mesquitas vivem lotados em função disso, vão lá mais por medo do que por amor.
Os discursos litúrgicos possuem conteúdos ameaçadores, “quem desobedecer às regras fica vulnerável aos males e maldiçoes do devorador”. Com isso os alienados contribuem por medo ou por interesse de adquirir bens matérias prometidos como resultado da contribuição.

Politica
É a incapacidade de um povo em se orientar politicamente conforme seus próprios interesses. Crença na operosidade de instrumentos inoperantes, de um lado; desinteresse total pelos fatos políticos, de outro. E, em sua forma mais grave - recusa em decidir o próprio destino, de raciocinar, de traçar seu próprio projeto; criação do mito do Chefe, do Messias, do Pai, do Salvador da Pátria.

No lazer
No mundo em que a produção e o consumo são alienados, é difícil evitar que o lazer também não o seja. A passividade e o embrutecimento nessas atividades repercutem no tempo livre. Sabe-se que pessoas submetidas a trabalho mecânico e repetitivo têm o tempo livre ameaçado mais pela fadiga psíquica do que física, tornando-se incapazes de se divertir. Ou, então, exatamente ao contrário, procuram compensações estimulantes e até violentas que as recuperem do amortecimento dos sentidos.
A propaganda da bem-montada indústria do lazer, ao contribuir, por sua vez, com esse processo de alienação, orienta as escolhas e os modismos, manipula o gosto, determinando os programas. Dependendo da época, elegem-se atividades, corno boliche, patinação, esportes radicais, destacam-se danceterias e barzinhos específicos, filmes da moda, locais de viagem.
Até aqui, tratamos de determinado segmento social que dispõe do tempo e do dinheiro para o lazer. Resta lembrar, ainda, que as cidades não oferecem infra-estrutura que garanta aos mais pobres a ocupação do seu escasso tempo livre em atividades gratuitas: lugares onde ouvir música, praças para passeios, várzeas para o joguinho de futebol, clubes populares, locais de integração social espontânea. Essa restrição torna muito reduzida a possibilidade do lazer ativo, não-alienado, ainda mais se lembrarmos que as pessoas se encontram submetidas a várias for­mas de massificação pêlos meios de comunicação.

No trabalho
É um termo criado pelo marxismo, em linhas gerais significa a perda da autonomia, do conhecimento, do domínio sobre o que fazia e do poder de decisão que o trabalhador possuía antes da revolução industrial. Um exemplo disso foram os artesãos, os quais foram à ruína em sua maioria e tiveram que sujeitar-se a ser empregados, ou seja, não eram mais dono de seu horário, nem de seu tempo, nem do que ganhava. O empregado perdeu o domínio sobre o conhecimento do que fazia, agora, como operador ou auxiliar de produção, apenas monta ou auxilia na montagem de uma pequena parte ou componente da mercadoria.

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