Alienação
Sendo comum
Fala-se muito no senso comum sobre a
alienação. Sobre como a TV, certas revistas e jornais, as igrejas, os Estados
controlados por regimes autoritários e, segundo alguns, mesmo o futebol e o
Carnaval alienam as pessoas, roubando-lhes o senso crítico e a consciência
sociopolítica. Mas muitas pessoas não entendem integralmente que conceito de
alienação é esse, que virtualmente se diferencia da definição sociológica
clássica de transferir para o controle de outrem algo que
era ou deveria ser seu
Ao
negar a ação sociopolítica cidadã, o indivíduo nega sua responsabilidade pela
integridade do coletivo e joga-a inteiramente nos “outros”. E muitos desses
outros fazem a mesma coisa. E no final, quem decide os rumos da sociedade em
tempos não eleitorais são uns poucos cidadãos engajados, os parlamentares, os
governantes e, como dito, os grandes empresários, os donos da imprensa e
algumas igrejas. E isso é transferir para outrem a soberania popular e o poder
de tomar decisões. É alienar-se nos dois sentidos.
Da mesma forma,
comenta-se pelo senso comum que certas atividades de entretenimento, como,
exemplificam, o Carnaval e o futebol, afastam as pessoas de pensar
sociopoliticamente, visto que elas se distraem e esquecem todos os problemas
locais, regionais e nacionais, preferindo conversar sobre futebol, sobre a
folia e sobre outros temas relacionados a essas diversões culturais. Com um
povo distraído a ignorar os problemas em nome de um quase-hedonismo, o poder
decisório estaria transferido às mãos de poucos.
Religiosa
A religião tem inicio no
instinto humano, ou seja, no medo da morte, e por consequência no culto às
divindades, com o intuito de manter com elas um relacionamento que os permita
alcançar os favores por elas prometidos.
Esse sentimento também
atingiu a sociedade moderna, mas com menos rigor e influencia, tendo modificado
sistemas e ritos nas leis religiosas atuais. Essa mesma religião que fundara as
sociedades antigas e as governou por muito tempo, igualmente moldou a alma
humana e emprestou ao homem o seu caráter, isso ficou infundido de tal forma,
que em nome dos deuses muitos crimes foram cometidos sob a batida do “cetro”
religioso.
A alienação religiosa
como tal ocorre na esfera da consciência, da interioridade humana, todavia, tem
seus reflexos na vida real, pois foi à religião independente de sua ramificação
que formou nosso caráter, nossa sociedade e nossa economia, e até hoje somos
alienados pela sociedade também alienada, não forçadamente, mas construídas
através do tempo nos mais diversos moldes.
O que mantem as pessoas
alienadas a religião é o medo e a dúvida, medo do inferno, medo dos espíritos
que vagueiam em nosso espaço, ora agindo a favor, ora perseguindo e perturbando
o núcleo social. Medo também de Deus, por entender ser Ele o ser supremo e
detentor do controle da vida e de tudo que existe. Os templos, sinagogas e
mesquitas vivem lotados em função disso, vão lá mais por medo do que por amor.
Os discursos litúrgicos
possuem conteúdos ameaçadores, “quem desobedecer às regras fica vulnerável aos
males e maldiçoes do devorador”. Com isso os alienados contribuem por medo ou
por interesse de adquirir bens matérias prometidos como resultado da
contribuição.
Politica
É a incapacidade de um povo em se orientar politicamente conforme seus
próprios interesses. Crença na operosidade de instrumentos inoperantes, de um
lado; desinteresse total pelos fatos políticos, de outro. E, em sua forma mais
grave - recusa em decidir o próprio destino, de raciocinar, de traçar seu
próprio projeto; criação do mito do Chefe, do Messias, do Pai, do Salvador da
Pátria.
No lazer
No mundo em que a produção e o consumo são alienados, é difícil evitar
que o lazer também não o seja. A passividade e o embrutecimento nessas atividades repercutem no tempo
livre. Sabe-se que pessoas submetidas a trabalho mecânico e repetitivo têm o tempo livre ameaçado mais pela fadiga psíquica do que física, tornando-se incapazes de
se divertir. Ou, então, exatamente ao contrário, procuram compensações estimulantes e até violentas que as recuperem do amortecimento dos sentidos.
A propaganda da
bem-montada indústria do lazer, ao contribuir, por sua vez, com esse processo
de alienação, orienta as escolhas e os modismos,
manipula o gosto, determinando os programas. Dependendo da época,
elegem-se atividades, corno boliche,
patinação, esportes radicais,
destacam-se danceterias e barzinhos específicos, filmes da moda, locais de viagem.
Até aqui, tratamos de determinado segmento social que
dispõe do tempo e do dinheiro para o lazer. Resta lembrar, ainda, que as cidades não oferecem infra-estrutura
que garanta aos mais pobres a ocupação do seu escasso tempo livre em atividades gratuitas:
lugares onde ouvir música, praças para passeios, várzeas para o joguinho de futebol, clubes
populares,
locais de integração social espontânea. Essa restrição torna muito reduzida
a possibilidade do lazer ativo, não-alienado, ainda mais se lembrarmos que as pessoas se encontram
submetidas a várias formas de massificação pêlos meios de comunicação.
No trabalho
É um termo criado pelo marxismo, em linhas gerais significa a perda da
autonomia, do conhecimento, do domínio sobre o que fazia e do poder de decisão
que o trabalhador possuía antes da revolução industrial. Um exemplo disso foram
os artesãos, os quais foram à ruína em sua maioria e tiveram que sujeitar-se a
ser empregados, ou seja, não eram mais dono de seu horário, nem de seu tempo,
nem do que ganhava. O empregado perdeu o domínio sobre o conhecimento do que
fazia, agora, como operador ou auxiliar de produção, apenas monta ou auxilia na
montagem de uma pequena parte ou componente da mercadoria.
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