quinta-feira, 24 de janeiro de 2013


Alienação


Sendo comum
Fala-se muito no senso comum sobre a alienação. Sobre como a TV, certas revistas e jornais, as igrejas, os Estados controlados por regimes autoritários e, segundo alguns, mesmo o futebol e o Carnaval alienam as pessoas, roubando-lhes o senso crítico e a consciência sociopolítica. Mas muitas pessoas não entendem integralmente que conceito de alienação é esse, que virtualmente se diferencia da definição sociológica clássica de transferir para o controle de outrem algo que era ou deveria ser seu
Ao negar a ação sociopolítica cidadã, o indivíduo nega sua responsabilidade pela integridade do coletivo e joga-a inteiramente nos “outros”. E muitos desses outros fazem a mesma coisa. E no final, quem decide os rumos da sociedade em tempos não eleitorais são uns poucos cidadãos engajados, os parlamentares, os governantes e, como dito, os grandes empresários, os donos da imprensa e algumas igrejas. E isso é transferir para outrem a soberania popular e o poder de tomar decisões. É alienar-se nos dois sentidos.
Da mesma forma, comenta-se pelo senso comum que certas atividades de entretenimento, como, exemplificam, o Carnaval e o futebol, afastam as pessoas de pensar sociopoliticamente, visto que elas se distraem e esquecem todos os problemas locais, regionais e nacionais, preferindo conversar sobre futebol, sobre a folia e sobre outros temas relacionados a essas diversões culturais. Com um povo distraído a ignorar os problemas em nome de um quase-hedonismo, o poder decisório estaria transferido às mãos de poucos.

Religiosa
A religião tem inicio no instinto humano, ou seja, no medo da morte, e por consequência no culto às divindades, com o intuito de manter com elas um relacionamento que os permita alcançar os favores por elas prometidos.
Esse sentimento também atingiu a sociedade moderna, mas com menos rigor e influencia, tendo modificado sistemas e ritos nas leis religiosas atuais. Essa mesma religião que fundara as sociedades antigas e as governou por muito tempo, igualmente moldou a alma humana e emprestou ao homem o seu caráter, isso ficou infundido de tal forma, que em nome dos deuses muitos crimes foram cometidos sob a batida do “cetro” religioso.
A alienação religiosa como tal ocorre na esfera da consciência, da interioridade humana, todavia, tem seus reflexos na vida real, pois foi à religião independente de sua ramificação que formou nosso caráter, nossa sociedade e nossa economia, e até hoje somos alienados pela sociedade também alienada, não forçadamente, mas construídas através do tempo nos mais diversos moldes.
O que mantem as pessoas alienadas a religião é o medo e a dúvida, medo do inferno, medo dos espíritos que vagueiam em nosso espaço, ora agindo a favor, ora perseguindo e perturbando o núcleo social. Medo também de Deus, por entender ser Ele o ser supremo e detentor do controle da vida e de tudo que existe. Os templos, sinagogas e mesquitas vivem lotados em função disso, vão lá mais por medo do que por amor.
Os discursos litúrgicos possuem conteúdos ameaçadores, “quem desobedecer às regras fica vulnerável aos males e maldiçoes do devorador”. Com isso os alienados contribuem por medo ou por interesse de adquirir bens matérias prometidos como resultado da contribuição.

Politica
É a incapacidade de um povo em se orientar politicamente conforme seus próprios interesses. Crença na operosidade de instrumentos inoperantes, de um lado; desinteresse total pelos fatos políticos, de outro. E, em sua forma mais grave - recusa em decidir o próprio destino, de raciocinar, de traçar seu próprio projeto; criação do mito do Chefe, do Messias, do Pai, do Salvador da Pátria.

No lazer
No mundo em que a produção e o consumo são alienados, é difícil evitar que o lazer também não o seja. A passividade e o embrutecimento nessas atividades repercutem no tempo livre. Sabe-se que pessoas submetidas a trabalho mecânico e repetitivo têm o tempo livre ameaçado mais pela fadiga psíquica do que física, tornando-se incapazes de se divertir. Ou, então, exatamente ao contrário, procuram compensações estimulantes e até violentas que as recuperem do amortecimento dos sentidos.
A propaganda da bem-montada indústria do lazer, ao contribuir, por sua vez, com esse processo de alienação, orienta as escolhas e os modismos, manipula o gosto, determinando os programas. Dependendo da época, elegem-se atividades, corno boliche, patinação, esportes radicais, destacam-se danceterias e barzinhos específicos, filmes da moda, locais de viagem.
Até aqui, tratamos de determinado segmento social que dispõe do tempo e do dinheiro para o lazer. Resta lembrar, ainda, que as cidades não oferecem infra-estrutura que garanta aos mais pobres a ocupação do seu escasso tempo livre em atividades gratuitas: lugares onde ouvir música, praças para passeios, várzeas para o joguinho de futebol, clubes populares, locais de integração social espontânea. Essa restrição torna muito reduzida a possibilidade do lazer ativo, não-alienado, ainda mais se lembrarmos que as pessoas se encontram submetidas a várias for­mas de massificação pêlos meios de comunicação.

No trabalho
É um termo criado pelo marxismo, em linhas gerais significa a perda da autonomia, do conhecimento, do domínio sobre o que fazia e do poder de decisão que o trabalhador possuía antes da revolução industrial. Um exemplo disso foram os artesãos, os quais foram à ruína em sua maioria e tiveram que sujeitar-se a ser empregados, ou seja, não eram mais dono de seu horário, nem de seu tempo, nem do que ganhava. O empregado perdeu o domínio sobre o conhecimento do que fazia, agora, como operador ou auxiliar de produção, apenas monta ou auxilia na montagem de uma pequena parte ou componente da mercadoria.


Humanismo


O que é?:
O Humanismo é um termo relativo ao Renascimento, movimento surgido na Europa, mais precisamente na Itália, que colocava o homem como o centro de todas as coisas existentes no universo.

Período:
Nesse período, compreendido entre a transitoriedade da Baixa Idade Média e início da Moderna (séculos XIV a XVI), os avanços científicos começavam a tomar espaço no meio cultural.

Momento histórico:
A tecnologia começava a se aflorar nos campos da matemática, física, medicina. Nomes como Galileu, Paracelso, Gutenberg, dentre outros, começavam a se despontar, em razão das descobertas feitas por eles.
Galileu Galilei comprova a teoria heliocêntrica que dizia ser o Sol o centro do sistema planetário, defendida anteriormente por Nicolau Copérnico, além de ter construído um telescópio ainda melhor que os inventados anteriormente. Paracelso explora as drogas medicinais e seu uso, enquanto Gutenberg descobre um novo meio de reproduzir livros.
Além disso, a filosofia se desponta como uma atividade intelectual renovada no interesse pelos autores da Antiguidade clássica: Aristóteles, Virgílio, Cícero e Horácio. Por este resgate da Idade Média, este período também é chamado de Classicismo.
A burguesia e a nobreza, classes sociais que despontam no final da Idade Média, passam a dividir o poderio com a Igreja.
É neste contexto cultural que a visão antropocêntrica se instala e influencia todo campo cultural: literatura, música, escultura, artes plásticas.

Características:
Podemos denominar Humanismo como ideia surgida no Renascimento que coloca o homem como o centro de interesse e, portanto, em torno do qual tudo acontece.

A partir do Humanismo desenvolve-se uma nova concepção de vida, acentuam-se o valor do homem na terra, aumentam-se a preocupação com o desenvolvimento da personalidade humana e das suas faculdades criadoras, tendo como objetivo atualizar, dinamizar e dar uma nova vida aos estudos tradicionais, criando a partir deste momento uma grande reforma educacional.

Perfil literário:

Os artistas começaram a dar mais valor às emoções humanas. Nesse período da história literária, são cada vez mais lidos e apreciados os autores gregos e latinos. Saindo de cena uma literatura rude e grosseira(estética medieval), sendo substituída pela grego-latina – harmoniosa e culta. O latim passa a ser a língua de muitos humanistas, que se deixam tomar de grande entusiasmo pelo saber, pelas artes clássicas.

Autores:
Na Literatura, os autores italianos que maior influência exerceram foram: Dante Alighieri (Divina Comédia), Petrarca (Cancioneiro) e Bocaccio (Decameron). Os gêneros mais cultivados foram: o lírico, de temática amorosa ou bucólica, e o épico, seguindo os modelos consagrados por Homero (Ilíada e Odisséia) e Virgílio (Eneida).

Obras:

“Crônica d’El-Rei D. Pedro”
“Crônica d’El-Rei D. Fernando”
“Crônica d’El-Rei D. João I”






Trovadorismo


O que é? 
Designa-se por Trovadorismo o período que engloba a produção literária de Portugal durante seus primeiros séculos de existência (séc. XII ao XV). No âmbito da poesia, a tônica são mesmo as Cantigas em suas modalidades; enquanto a prosa apresenta as Novelas de Cavalaria.

Contexto Histórico:
Momento final da Idade Média na Península Ibérica, onde a cultura apresenta a religiosidade como elemento marcante.
A vida do homem medieval é totalmente norteada pelos valores religiosos e para a salvação da alma. O maior temor humano era a ideia do inferno que torna o ser medieval submisso à Igreja e seus representantes.
São comuns procissões, romarias, construção de templos religiosos, missas etc. A arte reflete, então, esse sentimento religioso em que tudo gira em torno de Deus. Por isso, essa época é chamada de Teocêntrica.
As relações sociais estão baseadas também na submissão aos senhores feudais. Estes eram os detentores da posse da terra, habitavam castelos e exerciam o poder absoluto sobre seus servos ou vassalos. Há bastante distanciamento entre as classes sociais, marcando bem a superioridade de uma sobre a outra.
O marco inicial do Trovadorismo data da primeira cantiga feita por Paio Soares Taveirós, provavelmente em 1198, intitulada Cantiga da Ribeirinha.

Características:
A poesia desta época compõe-se basicamente de cantigas, geralmente com acompanhamento de instrumentos (alaúde, flauta, viola, gaita etc.). Quem escrevia e cantava essas poesias musicadas eram os jograis e os trovadores. Estes últimos deram origem ao nome deste estilo de época português.
Mais tarde, as cantigas foram compiladas em Cancioneiros. Os mais importantes Cancioneiros desta época são o da Ajuda, o da Biblioteca Nacional e o da Vaticana.
As cantigas eram cantadas no idioma galego-português e dividem-se em dois tipos: líricas (de amor e de amigo) e satíricas (de escárnio e mal-dizer).
Cantigas de amor 
Origem da Provença, região da França, trazidas através dos eventos religiosos e contatos entre as cortes. Tratam, geralmente, de um relacionamento amoroso, em que o trovador canta seu amor a uma dama, normalmente de posição social superior, inatingível. Refletindo a relação social de servidão, o trovador roga a dama que aceite sua dedicação e submissão.
Eu-lírico – masculino
Cantigas de amigo
Neste tipo de texto, quem fala é a mulher e não o homem. O trovador compõe a cantiga, mas o ponto de vista é feminino, mostrando o outro lado do relacionamento amoroso - o sofrimento da mulher à espera do namorado (chamado "amigo"), a dor do amor não correspondido, as saudades, os ciúmes, as confissões da mulher a suas amigas, etc. Os elementos da natureza estão sempre presentes, além de pessoas do ambiente familiar, evidenciando o caráter popular da cantiga de amigo.

Eu-lírico – feminino
Cantigas satíricas 
Aqui os trovadores preocupavam-se em denunciar os falsos valores morais vigentes, atingindo todas as classes sociais: senhores feudais, clérigos, povo e até eles próprios.
Cantigas de escárnio - crítica indireta e irônica
Cantigas de maldizer - crítica direta e mais grosseira
A prosa medieval retrata com mais detalhes o ambiente histórico-social desta época. A temática das novelas medievais está ligada à vida dos cavaleiros medievais e também à religião.

A Demanda do Santo Graal é a novela mais importante para a literatura portuguesa. Ela retrata as aventuras dos cavaleiros do Rei Artur em busca do cálice sagrado (Santo Graal). Este cálice conteria o sangue recolhido por José de Arimatéia, quando Cristo estava crucificado. Esta busca (demanda) é repleta de simbolismo religioso, e o valoroso cavaleiro Galaaz consegue o cálice.

Perfil literário:
Na literatura, desenvolveu-se em Portugal um movimento poético chamado Trovadorismo. Os poemas produzidos nessa época eram feitos para serem cantados por poetas e músicos. (Trovadores- poetas que compunham a letra e a música de canções. Em geral uma pessoa culta Menestréis - músicos-poetas sedentários; viviam na casa de um fidalgo, enquanto o jogral andava de terra em terra - , Jograis - cantores e tangedores ambulantes, geralmente de origem plebeia e Segréis -trovadores profissionais, fidalgos desqualificados que iam de corte em corte, acompanhados por um jogral) Recebiam o nome de antigas, porque eram acompanhados por instrumentos de corda e sopro. Mais tarde, essas cantigas foram reunidas em Cancioneiros: o da Ajuda, o da Biblioteca Nacional e o da Vaticana.

Do ponto de vista literário, as cantigas líricas apresentam maior potencial pois formam a base da poesia lírica portuguesa e até brasileira. Já as cantigas satíricas, geralmente, tratavam de personalidades da época, numa linguagem popular e muitas vezes obscena.

Autores e obras:


Cantiga de Amor 

Senhora minha, desde que vos vi,
lutei para ocultar esta paixão
que me tomou inteiro o coração;
mas não o posso mais e decidi
que saibam todos o meu grande amor,
a tristeza que tenho, a imensa dor
que sofro desde o dia em que vos vi.

Quando souberem que por vós sofri
Tamanha pena, pesa-me, senhora,
que diga alguém, vendo-me triste agora,
que por vossa crueza padeci,
eu, que sempre vos quis mais que ninguém,
e nunca me quiseste fazer bem,
nem ao menos saber o que eu sofri.

E quando eu vir, senhora, que o pesar
que me causais me vai levar à morte,
direi, chorando minha triste sorte:
"Senhor, porque me vão assim matar?"
E, vendo-me tão triste e sem prazer,
todos, senhora, irão compreender
que só de vós me vem este pesar.

Já que assim é, eu venho-vos rogar
que queirais pelo menos consentir
que passe a minha vida a vos servir,
e que possa dizer em meu cantar
que esta mulher, que em seu poder me tem,
sois vós, senhora minha, vós, meu bem;
graça maior não ousarei rogar.

--Afonso Fernandes 

Cantiga de Amigo 


Enquanto Deus me der vida,
viverei triste e coitada,
porque se foi meu amigo,
e disso fui a culpada,
pois que me zanguei com ele
quando daqui se partia:
por Deus, se agira voltasse,
muito alegre eu ficaria.

E sei que andei muito mal
em zangar-me como fiz,
porque ele não o merecia
e se foi muito infeliz,
pois que me zanguei com ele
quando daqui se partia:
por Deus, se agira voltasse,
muito alegre eu ficaria.

Certamente ele supõe
que comigo está perdido,
do contrário, voltaria,
porém, sente-se ofendido,
pois que me zanguei com ele
quando daqui se partia:
por Deus, se agira voltasse,
muito alegre eu ficaria.

--Juan Lopes 

Cantiga de Escárnio 


Conheceis uma donzela
por quem trovei e a que um dia
chamei de Dona Beringela?
nunca tamanha porfia
vi nem mais disparatada.
Agora que está casada
chamam-lhe Dona Maria.

Algo me traz enjoado,
assim o céu me defenda:
um que está a bom recato
(negra morte o surpreenda
e o Demônio cedo o tome!)
quis chamá-la pelo nome
e chamou-lhe Dona Ousenda.

Pois que se tem por formosa
quanto mais achar-se pode,
pela Virgem gloriosa!
um homem que cheira a bode
e cedo morra na forca
quando lhe cerrava a boca
chamou-lhe Dona Gondrode.

--Dom Afonso Sanches 

Cantiga de Maldizer 


Ai dona fea! Foste-vos queixar
Que vos nunca louv'en meu trobar
Mais ora quero fazer un cantar
En que vos loarei toda via;
E vedes como vos quero loar:
Dona fea, velha e sandia!

Ai dona fea! Se Deus mi pardon!
E pois havedes tan gran coraçon
Que vos eu loe en esta razon,
Vos quero já loar toda via;
E vedes qual será a loaçon:
Dona fea, velha e sandia!

Dona fea, nunca vos eu loei
En meu trobar, pero muito trobei;
Mais ora já en bom cantar farei
En que vos loarei toda via;
E direi-vos como vos loarei:
Dona fea, velha e sandia!

--João Garcia de Guilhade







Arcadismo


Arcadismo – o que é?
O Arcadismo é um movimento literário inspirado numa lendária região da Grécia antiga a Árcadia que segundo as lendas era dominada pelos des pan e habitada por pastores que viviam de modo simples e espontâneo se divertindo com músicas e disputas poéticas que celebravam o amor e o prazer.

No Brasil

Data de inicio
O Arcadismo no Brasil teve início no ano de 1768, com a publicação do livro “Obras” de Cláudio Manuel da Costa.

Características
·         Apego aos valores da terra: a simplicidade na poesia e a ideia de abolir as inutilidades (inutilia truncat) foram os objetivos dos arcades brasileiros. Como a concentração foi em Minas Gerais, nasce um nativismo que incorporou os valores da terra ao ideário da estática bucólica, em alta no arcadismo.

·         Incorporação do elemento indígena: a valorização do índio foi destaque  nesta época, era o reflexo do “bom selvagem”, de Rousseau, onde a natureza faz o homem feliz e bom, mas a sociedade o corrompe.

·         Sátira política:  um exemplo foi Cartas Chilenas, onde é bem clara a sátira política aos tempos difíceis da exploração portuguesa e à corrupção dos governos coloniais.

Momento histórico
Nesse período Portugal explorava suas colônias a fim de conseguir suprir seu déficit econômico. A economia brasileira estava voltada para a era do ouro, da mineração e, portanto, ao estado de Minas Gerais, campo de extração contínua de minérios. No entanto, os minérios começaram a ficar escassos e os impostos cobrados por Portugal aos colonos ficaram exorbitantes.
Surgiu, então, a necessidade do Brasil de buscar uma forma de se desvincular do seu explorador. Logo, os ideais revolucionários começaram a se desenvolver no Brasil, sob influências das Revoluções Industrial e Francesa, ocorridas na Europa, bem como do exemplo da independência das 13 colônias inglesas.
Enquanto na Europa surgia o trabalho assalariado, o Brasil ainda vivia o tempo de escravidão. Há um processo de revoltas no Brasil, contudo, a mais eloquente durante o período árcade é a Inconfidência Mineira, movimento que teve envolvimentos dos escritores árcades, como Tomás Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto e Cláudio Manuel da Costa, além do dentista prático Tiradentes.
Como a tendência é do eixo cultural seguir o econômico, os escritores árcades são, na maioria, mineiros e algumas de suas produções literárias são voltadas ao ambiente das cidades históricas mineiras, principalmente Vila Rica.

Perfil literário
Encontrou expressão num grupo de poetas que vivia em Minas Gerais, mas precisamente em Vila Rica, principal centro econômico do país, no século XVIII. A publicação de OBRAS de Claudio Manuel da Costa em 1768 é o MARCO INICIAL do Arcadismo no Brasil. 
O Arcadismo caracteriza-se pelo começo  da valorização da obra literária que começa a tomar rumos nacionais. O sentimento de apego a terra começa a aflorar tendo com referência a simplicidade da natureza preconizada pela poesia árcade européia. O sentimento nativista preeencherá as obras literárias, o índio passa a ser visto como herói e fonte de inspiração.O arcadismo brasileiro se estende até o ano de 1836 data da publicação de Suspiros poéticos  e saudades de Gonçalves de Magalhães.

Autores e obras
·         JOSÉ INÁCIO DE ALVARENGA PEIXOTO (1743-1792):
Poesia Lírico-Amorosa (musa-pastora Bárbara): "Obras Poéticas",coletânea de poesias reunidas por amigos e publicadas em Paris (1865), sob o patronato de D. Pedro II. Destacam-se os poemas Bárbara Heliodora(lira escrita na prisão) e Estela e Nize (soneto lírico-amoroso). Muito de sua obra perdeu-se quando o Governo confiscou lhe os bens em consequência da Inconfidência Mineira.

·         FREI JOSÉ DE SANTA RITA DURÃO (1722-1784):
Poema Épico: "Caramuru" (Lisboa, 1871), poema que exalta o descobrimento e a conquista da Bahia por Diogo Álvares Correia (Caramuru). Composto à imitação direta de Os Lusíadas, de Camões, sem, entretanto, utilizar-se da mitologia pagã. São dez cantos, escritos em versos decassílabos e oitava rima camoniana. Obedece à divisão tradicional das epopeias: proposição, invocação, dedicatória, narrativa eepílogo.

·         MANUEL INÁCIO DA [SILVA ALVARENGA] (1749-1814):
Poema Heroico-Cômico: "O Desertor das Letras" (1774), publicado em Coimbra, sob o patrocínio do Marques de Pombal. O poema enaltece as reformas universitárias pombalinas.
Poesia Lírico-Amorosa (musa-pastora Glaura): "Glaura", coletânea de poemas madrigalescos, sua obra mais conhecida. Publicada em Lisboa no ano de 1779 e dedicado a sua musa-pastora.

·         JOSÉ [BASÍLIO DA GAMA] (1741-1795):
Poema Épico: "O Uraguai" (1769); a obra mais importante de Basílio, narra a luta dos índios de Sete Povos da Missão (no Uruguai) instigados pelos jesuítas, contra as tropas portuguesas auxiliadas pelos espanhóis. O trecho mais conhecido é o que descreve a morte de Lindoia, a índia que se deixa picar por uma serpente, como prova de fidelidade e amor ao índio Cacambo, assassinado pelos inimigos.
No aspecto formal, Basílio quebra a estrutura camoniana compondo a obra em versos decassílabos brancos, sem rima, não é dividido em estrofes e consta de apenas cinco cantos. Mas apresenta à divisão tradicional das epopeias: proposição, invocação, dedicatória, narrativa e epílogo, embora inicie o poema pela narração.

·         CLÁUDIO MANUEL DA COSTA (1729-1789):
Poema Épico: "Vila Rica" (1837), o poema narra, desde a fundação, a história de Vila Rica, atual Ouro Preto e exalta os bandeirantes.
Poesia (musa-pastora Nise): "Obras Poéticas" (1768), considerada como a primeira obra árcade brasileira. Compõem-se de sonetos perfeitos na forma e na linguagem, porém, sem profundidade em relação ao conteúdo.

·         TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA (1744-1810):
Poemas Satíricos: "Cartas Chilenas", obra composta em versos decassílabos brancos com a estrutura de uma carta, que circularam em Vila-Rica (Ouro Preto) pouco antes da Inconfidência Mineira (1789). Satiriza, ferozmente, os desmandos e a arbitrariedade do Governador de Minas Gerais até pouco antes da Inconfidência.
Poesia Lírico-Amorosa: "Marília de Dirceu", publicada em três partes nos anos de 1792, 1799 e 1812. Coletânea de liras inspiradas em seu romance com Maria Dorotéia (Marília). Apresenta-se dividida em duas partes: a primeira escrita quando ainda em liberdade, e a segunda durante os sofrimentos do cárcere.

Em Portugal

Data de inicio
Em Portugal o Arcadismo iniciou-se no ano de 1756

Momento histórico
O clima de revolução também atingiu Portugal fortemente, que no começo do século XVIII, passava por sua reestruturação. Em Portugal o Arcadismo iniciou-se no ano de 1756 com a fundação da Árcadia Lusitana, entidade em que se reuniam intelectuais e artistas. A Árcadia Lusitana tinha como lema o "inutilia truncat" (corta o que é inútil) o que caracterizou todo o movimento no país retornando a uma literatura mais simples.

Características
·                   Volta aos padrões clássicos
·                   Visão simples do mundo
·                   Presença da Natureza
·                   Vida bucólica
·                   Perfeição formal
·                   Predomínio da razão (objetivismo)
·                   Universalismo
·         Tranquilidade no relacionamento amoroso

Perfil literário
Também conhecido como Neoclassicismo ou Setecentismo, o Arcadismo é resultado de um conjunto de transformações ocorridas na Europa no século XVIII: ascensão da burguesia e decadência da aristocracia, ruptura com o mundo medieval e surgimento do Iluminismo.
Na tentativa de equiparar-se às grandes nações europeias e satisfazer aos interesses da burguesia, Portugal inicia diversas reformas econômicas, políticas, culturais e educacionais.
Em 1756, com a fundação da Arcádia Lusitana, inicia-se uma nova etapa da literatura.

Autores e obras
·         Bocage (Manuel Maria Barbosa du Bocage). Usava o pseudônimo Elmano Sadino: Idílios Marítimos, Rimas (três volumes, 1791) e Parnaso Bocagiano. - Escreveu poesia lírica e satírica. Com o passar dos anos, afasta-se da estética árcade –racional e pouco dramática – e envereda por uma linha confessional e dramática que o situa como pré- romântico.
·                   Filinto Elísio - Versos (1797).
·         Correia Garção - Obras Poéticas (1778); Teatro: Teatro Novo, Assembleia ou Partida.